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  • Foto do escritorVictor Axhcar

Brasília: a Construção de um Sonho - Crítica

Atualizado: 12 de mai. de 2019




“Brasília: a Construção de um Sonho” é um documentário que retrata a história da fundação da atual capital do Brasil. A ideia de transferir a capital do Brasil para o interior já estava prevista na Constituição de 1891, mas só no governo de Juscelino Kubitschek esse projeto saiu do papel virando realidade. JK tinha como slogan de campanha “50 anos em 5” que sintetizava seu objetivo maior de acelerar o desenvolvimento nacional. Em seu Plano de Metas, um documento econômico que tinha como alguns de seus objetivos a integração nacional através da construção de Brasília e estradas que ligassem as cidades próximas à mais recente capital. Propunha-se, assim, 2 resultados: Aceleração do desenvolvimento nacional ao promover a interiorização e fomento à industrialização promovido pelo crescimento do mercado interno.

A construção de Brasília foi um projeto que só foi incorporado ao Plano de Metas durante a campanha presidencial, mas tornou-se rapidamente em prioridade de Juscelino que a situava com lugar de destaque. O governo de JK ficou conhecido como “anos dourados”, e o Plano de Metas como “revolução industrial brasileira” decorrente dos sucessos obtidos com o seu planeamento nacional-desenvolvimentista.

O documentário mostra através de imagens de arquivo e entrevistas com especialistas e pessoas que vivenciaram esse momento marcante da história, os bastidores dessa construção e todas as dificuldades econômicas, políticas, sociais e de engenharia que Kubitschek teve de enfrentar para ver o seu sonho de concretizado.

Na época, Oscar Niemeyer já era conhecido internacionalmente, e alguns dos projetos arquitetônicos que fez para Brasília tornaram-se símbolos do país, como o Congresso, o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada e a Catedral. O segredo da arquitetura de Niemeyer é a sofisticação da obra aliada a um elemento intuitivo, que permite que ela seja apreciada por qualquer pessoa. Por isso, em grande parte do filme é mostrado Niemeyer explicando como desenhava os seus projetos e através de animações feitas na pós-produção é possível ter uma ideia de como esses desenhos inovadores para a época conseguiram sair do papel por meio do engenheiro Joaquim Cardoso e de milhares de trabalhadores. 

Para escolher o Projeto Piloto foi realizado um concurso entre 12 e 16 de março de 1957 e foram apresentados 26 projetos. O júri escolheu a planta cujo formato parecia o de um avião, do urbanista e arquiteto Lucio Costa, que foi escolhido por projetar um lugar com todos os requisitos para uma capital. Com o projeto em mãos, foi criada uma empresa, a Novacap, e empregado um contingente de 60 mil trabalhadores para a construção. Os operários, a maioria formada por nordestinos, acabaram se fixando na cidade.

Brasília é uma cidade planejada em forma de cruz e cada um dos seus eixos possui uma função determinada: no eixo rodoviário ficariam os moradores e no eixo monumental os prédios do governo.

Por acreditar que o carro seria o meio de transporte do futuro, JK mandou construir mais de 4500 km de rodovias para interligar várias regiões do país a Brasília. Ou seja, a capital federal foi criada para impressionar os homens, mas também para ser um ambiente favorável para os carros. Lucio Costa programou que o caminho de casa para o trabalho seria feito de carro, mas que as necessidades cotidianas como lojas e mercados fossem supridas a pé. Por isso foram elaboradas e distribuídas pelas duas asas do plano piloto as “super quadras”, que são quarteirões de 300m x 300m, onde nos espaços existentes estão localizados pequenos centros comerciais.

Brasília é uma cidade totalmente planejada, porém sua forma de organização, como mostra o documentário, repete o modelo de ordem urbana visto em diversas regiões do país que não foram bem projetadas, pois a divisão social do território ainda continuou sendo imposta e até mesmo para aqueles que trabalharam na construção do sonho de JK.

Aproximadamente 60 mil trabalhadores estiveram presentes na edificação de Brasília e após a inauguração da cidade os candangos viram que não eram mais bem-vindos e que não poderiam usufruir do sonho pelo qual muitos deram suas vidas. Dessa forma, como muitos trabalhadores não quiseram voltar para os seus estados de origem foram realocados para cidades-satélites. A maioria dessas regiões não foram planejadas como Brasília e originalmente foram reservadas para serem núcleos urbanos e também para servirem como cidades-dormitórios.

Já o plano piloto foi ocupado por funcionários públicos, porém depois de algum tempo muitas outras pessoas resolveram se mudar para a capital futurista do país. Brasília, que foi projetada para abrigar de 500 a 700 mil habitantes, tem atualmente cerca de 2,5 milhões de pessoas vivendo na cidade e sobrecarregando o sistema de abastecimento e transportes.

O documentário em linhas gerais dá um panorama do que foi o processo de construção de Brasília, cidade que ganhou o status de Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

Tendo como base o texto “O Semeador e o Ladrilhador”, é possível perceber que Juscelino Kubitschek agiu como um ladrilhador. Até o ano de 1956 todas as cidades consideradas importantes estavam localizadas no litoral, e isso é uma consequência direta da colonização portuguesa que construiu as cidades perto do mar para facilitar o comércio. Mas o presidente quis explorar o interior do país através da construção de Brasília, que fica a uma distância de 1100 km da costa. JK também queria uma cidade que fosse favorável a governabilidade, pois o Estado ficava muito vulnerável a qualquer manifestação popular no Rio de Janeiro. 

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