Dirigido por Fredrik Gertten o filme “Bike versus Carros” (Bikes vs Cars, 2015) levanta importantes reflexões sobre a questão da mobilidade urbana e a crescente expansão das cidades. O diretor sueco discute o critério usado pelos governantes para a manutenção dos preços abusivos do transporte público e a impessoalidade que é trafegar por grandes cidades do mundo como São Paulo, Los Angeles, Copenhague, Bogotá e Toronto.
A narração dos fatos inclui estrangeiros que fazem do modo de transporte um estilo de vida, além de mostrar dramas reais, como as desventuras de alguns ciclistas pela megalópole brasileira, onde o sistema não garante a segurança mínima aos usuários, ocasionando até óbitos em meio a comunidade.
Para traçar um paralelo amplo, o diretor vai até a Dinamarca que fomenta a cultura de transporte alternativo, e grava depoimentos de motoristas de carros que se vêm prejudicados em alguns momentos por ter um espaço restrito na rua. No entanto, a brutalidade vista no trânsito paulista não se repete mesmo entre os motoristas mais revoltados da área.
Não se pode negar que “Bike versus Carros” é bem-intencionado quando procura mostrar que a produção de carros está chegando a um limite e toda a população mundial sofre com isso e que o transporte de bicicleta possui inúmeras vantagens e que merece ser contemplado como alternativa de mobilidade para todos os cidadãos do mundo.
O filme teve a preocupação, embora muito pequena, de mostrar profissionais que realmente entendem de planejamento urbano e que convivem com os estudos do problema todos os dias.
Um problema de “Bike versus Carros” é que, buscando comparar o estilo de vida de pessoas em diferentes cidades do mundo, Fredrik Gertten escolheu somente poucos indivíduos, e em cidades muito distintas uma das outras. Ficou a impressão de que o diretor colocou, sem nenhum critério, pessoas de São Paulo que residem em lugares com acesso fácil a vários pontos da cidade, mas esqueceu de toda a população que vive em locais mais afastados dos bairros nobres do município como Pirituba, Capão Redondo, Grajaú, entre outros tantos.
Mesmo assim, a mensagem do filme é clara: se o uso da bicicleta fosse mais incentivado, a democratização do asfalto não seria vista como uma guerra. Ao contrário, seria o início de uma discussão civilizada que geraria frutos maravilhosos para a sustentabilidade e para a economia num futuro não muito distante.
Lembrando que “Bike versus Carros”, filme perfeito para refletir a respeito da mobilidade urbana, está disponível no Vimeo On Demand.