Em 1957, a artista plástica Zica Bergami compôs uma das mais belas canções brasileiras, a nostálgica "Lampião de Gás". A valsinha cantava as saudades de uma São Paulo que ficou para trás com a modernização e o crescimento da metrópole e virou sucesso nacional ao ser gravada por Inezita Barroso em 1958.
Desde então, foi regravada por inúmeros artistas. Mesmo com seu incontestável DNA paulistano, a canção se tornou um Ãcone da música caipira. O incentivo para procurar Inezita e gravar a música veio do poeta Guilherme de Almeida.
A letra e melodia escritas por Zica descreve cenas, personagens e lugares de um centro da cidade ainda bucólico. Brinquedos e cirandas infantis, guloseimas de uma "vovozinha muito branquinha" e até uma provável paixão compõem um turbilhão melancólico de imagens queridas por todos. Mas nada supera a força poética da simples descrição do antigo sistema de iluminação da cidade: "Minha São Paulo, calma e serena, que era pequena mas grande demais, agora cresceu, mas tudo morreu, lampião de gás, que saudades me traz." O saudosismo, a melancolia e a nostalgia seriam a principal matéria-prima da obra de Zica Bergami.
Seu trabalho como compositora começou a ficar conhecida em 1958, quando Inezita Barroso gravou na gravadora Copacabana a valsa "Lampião de Gás", parceria com Hervê Cordovil. Essa valsa foi regravada no mesmo ano por Aloisio do Acordeom e seu Conjunto e Coro, na mesma gravadora e pela Banda Chantecler na gravadora Chantecler. A valsa "Lampião de Gás" foi considerada uma "ode à São Paulo dos velhos tempos", conforme as palavras da autora que, com ela, recebeu o Troféu Zequinha de Abreu em 1959.